Ontem, depois de muito tempo, eu falei com você. Foi meio estranho ouvir novamente tua voz depois de tanto tempo de silencio. Eu achei que tinha guardado aqui dentro cada detalhe de tua entonação, cada pausa cheia de interrogações. Eu me senti sem chão quando reconheci teu número no visor do telefone (mentira, eu nunca te apaguei da minha lista de contatos). Fiquei olhando e, deixei que tocasse duas vezes antes de atender. Mas então atendi logo com medo que você desistisse.
Aquela parte “social” deveria ser tranquila, eu deveria perguntar se você estava bem, e você deveria responder que sim. Meio que isso faz parte do protocolo, né? Digamos que é um “oi” por extenso…, mas, daí você respondeu. E, eu preciso te confessar que uma parte minha queria ouvir você dizer que sentia minha falta, essas coisas… A outra não, ela queria ver que você estava bem, tocando a vida, seguindo em busca daqueles sonhos que a gente conversava enquanto olhava as estrelas.
Então, eu deveria dizer que eu também estava bem, trabalhando como sempre, sem tempo pra nada. Usar uma daquelas respostas prontas que vem inclusas no pacote social. Mas pra você eu nunca consegui mentir, né? E, pra evitar respostas evasivas que você perceberia, eu perguntei mais de você. Fiquei feliz de saber que você continua acreditando em finais felizes, mesmo que o nosso não tenha sido.
Eu devorei cada palavra tua tentando guardar tudo num compartimento especial que não permitisse nunca que eu viesse a esquecer tua voz. Quando desliguei o telefone sem ter dito nada de mim, percebi que a nossa história tinha acabado e me assustei. Fiquei em silencio por alguns minutos, e então constatei que não lembrava mais exatamente o dia que partiste, que meu calendário não me recordava mais as nossas datas especiais.
Talvez a melhor parte do teu telefonema tenha sido esta: eu finalmente coloquei um ponto final aqui no meu coração. Nossa história foi linda, foi intensa. E agora eu posso te desejar um novo amor que te ajude a contar as estrelas e os sonhos. Posso levantar a cabeça e partir pra outra história, pra um outro alguém. Porque o nosso fim também merecia um final feliz.
O ponto final
dez 12, 2017
