Haverá finalmente um momento em que nada mais será dito. E, no silêncio implícito das horas, as palavras voarão desencontradas em todos os sentidos, buscando a essência perdida, a lucidez dos incautos. No horizonte restarão fagulhas e talvez algumas cinzas e fragmentos abstratos. A...
Devaneios
E por se recusar a acreditar em heresias, ele enlouqueceu: bebeu e fumou como em todos os dias. Dançou e chorou, uivou bem alto todas as agonias. E sem se perder no passo, despediu-se de todos. Tapinhas nas costas, fortes abraços. E partiu levando...
Imagino um mundo tranquilo Onde não haverá dor nem martírio Um lugar sereno e bonito Em que navegam os sonhos Cores cálidas Flores sólidas Meu mundo de magia Sem sons, sem vozes Apenas o farfalhar do vento Acariciando nuvens em pleno deserto Cores mágicas...
Face a face, Em meio a cada loucura Redesenho e reinvento Cada um dos meus passos, Nos espaços vãos Em que resisto Insisto Assisto Insana e torpe De joelhos postos Sobre a mesa farta E a janela aberta Onde entra o vento Que me...
Eu tinha que te escrever uma última carta. Sim, era necessário oficializar o sentimento. Fundamental que você soubesse ser a última e assim pudesse finalmente sepultar o nosso amor. Não que não haja sofrimento, doeu muito, sabe? Na verdade ainda dói pra caramba. Porque...
Eu não consigo. Minha pele ainda arde com a lembrança fugidia de teu toque… Daquele abraço forte e gostoso, teu sorriso… e a textura suave e saborosa de teus lábios… Aquele beijo roubado. Sem nome, sem promessa. Eu não consigo. Tenho teu olhar gravado, faminto....
Enlouqueci. Sim, eu admito Que me rendi ao teu sorriso E derreti no teu abraço E quando mergulhei No universo mágico de tua boca Quando fui prisioneira de teus laços Eu esqueci do mundo E te entreguei meus lábios No silêncio entorpecido de palavras...
Quantas gargalhadas ecoam pelas paredes Reverberam entre telhas e caibros E, exaustas, Por fim adormecem Sobre o leito amassado De nossos sonhos? Quantos suspiros inacabados Encharcados de suor e saliva Trôpegos de ilusões Párias de desejos Desmaiam silentes sobre As almofadas e omoplatas? Ah!...
Rendo-me finalmente. Entrego-me a lassitude, E vigio indolente o desfiar das horas… Meus olhos baços já não enxergam… Nem meus próprios passos As vezes acerto… No descompasso de tantas emoções, No deslizar de lágrimas, Que se quedam livremente Entre as dobras do meu lençol…...